Por Maya Pines
Todos eles são famosos mundialmente: 100 pianistas concertistas jovens, nadadores olímpicos, jogadores de tênis, e pesquisadores matemáticos que alcançam o apogeu dos seus campos entre os 17 e 35 anos de idade. Mas os seus nomes é um segredo de uma equipe de pesquisa na Universidade de Chicago que prometeu manter o anonimato a fim de investigar como estas pessoas excepcionalmente talentosas chegaram aonde estão.
Depois de completar a sua análise da história da vida dessas pessoas notáveis, os investigadores, liderados pelo Professor Benjamim S. Bloom, identificaram várias condições distintas dos dons naturais, e em quase cada caso, parecem ser cruciais na produção da criatividade.
A informação colhida indica que a maioria dos seres humanos nascem com um potencial imenso - em um aspecto ou outro - e também demonstra o poder extraordinário dos pais.
Estas condições ambientais variam levemente nos diferentes tipos de talentos, disse Bloom numa entrevista, mas em todos os casos eles envolvem estes fatores:
* Pais que valorizam e apreciam imensamente ou a música, ou os esportes, as artes ou a atividade intelectual, e encaram-nas como uma parte natural da vida, de maneira que as crianças aprendem o seu "linguajar" tão facilmente como aprendem a falar.
* Pais que acreditam na ética profissional.
* Um primeiro professor cordial e amoroso, que faz as lições parecerem brincadeiras e dá recompensas generosamente. Este professor não precisa ser altamente capacitado. Para os pianistas, foi uma professora da vizinhança, para os matemáticos, geralmente foram seus próprios pais. Mas a instrução deve ser dada individualmente e os pais precisam ter um grande interesse por ela.
* Um segundo professor que tenha enfatizado as habilidades e a auto-disciplina. Novamente, a instrução precisa ser individualizada. Para os matemáticos, o melhor professor é aquele que responde suas perguntas, lhes oferece livros para ler e deixam-no trabalhar independentemente.
Embora muitas das pessoas entrevistadas fossem indubitavelmente mais talentosas do que a média quando crianças, nenhuma foi uma criança prodígio. "Eles não poderiam ter sido reconhecidos dentro de um grande grupo de crianças ativas quando tinham cinco ou até mesmo dez anos de idade", disse Laureen Sosniak, a coordenadora da pesquisa.
No que se refere aos pesquisadores, nenhum dos pesquisados foi pressionado a aprender muita coisa numa idade precoce. O professor Bloom salienta que as pessoas que são forçadas a aprender - tal como William James Sidis, um "menino maravilha" que entrou na universidade de Harvard com 11 anos em 1909, e morreu desamparado depois de uma série de empregos obscuros - às vezes deterioram à medida que crescem.
As primeiras experiências são cruciais
O professor Bloom passou boa parte da sua vida de trabalho investigando o desenvolvimento do potencial humano. O seu trabalho anterior indicava que as experiências das crianças durante os primeiros anos, determinam grandemente a sua inteligência e capacidade de aprendizagem, e que a condição ideal para a aprendizagem é o ensino individual.
Inicialmente, os pesquisadores achavam que os seus pesquisados iriam demonstrar uma habilidade notável quando crianças, e que devido a isso, teriam recebido atenção e instrução especial. Mas na realidade, parece que funcionou exatamente da maneira oposta.
De acordo com o professor Bloom, os fatores chaves para motivar as crianças são: Quais são os valores do lar? E quanto encorajamento a criança recebe numa idade tenra?
Os pais de pianistas bem sucedidos gostavam de ouvir música e compraram discos e brinquedos musicais para os seus filhos. Eles cantavam juntos. Eles mostraram aos seus filhos como tocar e escrever notas musicais. Uma mãe se recordava de ter dado à sua filha um piano de brinquedo, que ela mantinha perto do lugar onde a garota brincava. "Não demorou muito para ela começar a tocar músicas sozinha", disse a mãe. "Ela conseguia tocar 25 músicas quando chegou aos quatro anos. Se você tem um instrumento que esteja ao alcance deles, eles o aprenderão."
Assim que as crianças começaram a mostrar tal capacidade, os membros da sua família fizeram um grande alvoroço sobre o assunto. E as crianças logo perceberam que estavam com toda certeza no caminho certo para receber atenção e elogio. Também foram precocemente expostos à ética profissional. Sloane menciona que os pais incutiram nas crianças que: "Deve-se sempre fazer o melhor possível, que nada menos do que o melhor é suficiente". Esta combinação deu-lhes um bom começo não somente nas habilidades básicas, mas também na disposição que tiveram de trabalhar duro - qualidades que os seus professores mais tarde recompensariam.
A maioria dos futuros pianistas começaram as aulas de piano quando tinham cinco ou seis anos, e os futuros nadadores estavam em programas de natação aos oito anos. Os primeiros professores dos pianistas eram "locais, não muito sofisticados em termos de música", relatou Sosniak. Foram escolhidos por conveniência e porque eram muito bons com crianças. "Ela carregava uma grande bolsa com barras de chocolate e estrelas douradas para a música, e eu era louco por essa senhora", lembrou um dos pianistas. "Tudo o que eu tinha que fazer era tocar as notas certas no ritmo certo, e ganhava uma barra de chocolate".
Alguns dos pais freqüentavam as aulas com as crianças e quase todos supervisionavam o ensaio diário. As mães dos pianistas sentavam-se muitas vezes em frente ao teclado com os seus filhos, oferecendo encorajamento ou correção. Aqueles que não se achavam qualificados para ensinar encontraram outras maneiras de ajudar. Uma mãe contou como o seu filho aprendeu a tocar uma marcha fúnebre. "Ele dizia: Você já foi a um funeral. Você acha que esse é o ritmo certo? Então eu andava pela sala como se fosse um metrônomo* ambulante. (* Instrumento para regular a velocidade musical.)
Quando chegou a hora do adolescente talentoso achar e ser aceito por um professor profissional, o aluno passava 20 a 25 horas por semana de ensaio intensivo. Se isso significasse que não ia sobrar tempo para namorar ou estudar na faculdade, tanto o aluno quanto os pais aceitavam o fato.
"É quase como uma vocação no sentido religioso" disse o professor Bloom. Ele enfatizou que tais pessoas representam extremos, talvez uma pessoa em 500.000, mas que alguma forma de dedicação a um talento é bom para a criança e é bom para a sociedade. Há uma grande satisfação em se destacar", declarou ele, "e tais esforços são a fonte da maioria das realizações humanas".
Nenhum comentário:
Postar um comentário